EMPRESAS MAIS VERDES
Com o surgimento do consumidor e da consciência verdes, as empresas começaram a enfrentar problemas relacionados às suas ações de degradação ambiental. No Brasil, o número de empresas que adotam corretas práticas ambientais vem crescendo e ganhando destaque perante a sociedade, a qual, por sua vez, já não mais aceita o cometimento de ações consideradas degradantes.
A preocupação com a preservação do meio ambiente, na visão de Campos et al (2004, p. 1), está se destacando entre as questões que preocupam as empresas brasileiras. O mercado consumidor vem gradativamente mudando de comportamento, crescendo assim a procura pelos produtos verdes e o Governo, por sua vez, tem atendido a pressão crescente da sociedade, criando também normas legais e regulamentares mais rígidas e adequados mecanismos de controle. Desta forma, os empresários estão sendo forçados a buscar ferramentas que possibilitem atender tanto exigências legais quanto comerciais, para que possam garantir a sobrevivência de suas empresas.
No Brasil, com a necessidade da competitividade no mercado, empresas têm buscado a certificação ISO (Organização Internacional para a Padronização) da série 14000, que constituem um grupo de vinte e oito normas para a padronização na gestão ambiental. Para obter a certificação, a empresa deverá se submeter a uma série de condições a serem aferidas, e o resultado lhe dará credibilidade por meio do certificado ISO. Esta norma surgiu a partir do aumento da consciência ambiental e a escassez de recursos naturais, o que vêm influenciando as organizações a contribuírem de forma sistematizada na redução dos impactos ambientais provocados pelos seus processos.
Quando a empresa estiver em conformidade com a ISO 14001, garantirá a redução da carga de poluição que gera, pois precisará rever o processo produtivo procurando a melhoria contínua do desempenho ambiental e controlando insumos e matérias-primas que possam representar desperdícios de recursos naturais. Ao obter a certificação, estará comprovando para o mercado e para a sociedade que a empresa adota um conjunto de práticas destinadas a minimizar impactos ambientais e contribuindo para a preservação da biodiversidade. Além disso, a organização obtém um considerável diferencial competitivo perante o mercado. (ABNT, 1996)
Bandeira-de-Mello et al (2003, p. 2) notam que a implantação de um sistema de gestão ambiental conforme a norma ISO 14001, leva à condução de um processo de grandes mudanças organizacionais, o qual revela desafios para os gestores da organização. Neste sentido, Layrargues (2000, p. 82) nota que a incorporação da ISO 14001 nas empresas exige a instalação de tecnologias limpas e, como estas se revelam um instrumento privilegiado de competitividade empresarial, será natural que outras empresas venham a buscar esta certificação com a finalidade de incrementar a competitividade no mercado, complementando a transição em direção à sustentabilidade.
Gavronski et al (2003, p. 12-13) verificam que quando as empresas buscam certificações como a ISO 14000, os benefícios na relação com o macro ambiente da empresa explicam também benefícios na relação com o ambiente imediato de negócios. Assim, é possível verificar que as empresas com melhores relações com o governo e a sociedade em questões ambientais, percebem em si mesmas a melhoria das relações também com clientes, fornecedores e concorrentes, ou seja, são mais competitivas. Isso mostra a importância de políticas públicas na área ambiental e no cumprimento da legislação ambiental.
Um dos problemas que Bandeira-de-Mello et al (2003, p. 2) verificam para ser vencido é a necessidade de institucionalizar a política ambiental em todos os níveis hierárquicos da empresa, uma vez que a responsabilidade ambiental precisará ser concretizada nos processos do dia-a-dia, tal com está previsto na norma ISO. A certificação NBR ISSO 14001 exige assim a superação da inércia criada pelos hábitos comuns às empresas, bem como o desenvolvimento de novas atitudes e conhecimentos acerca de ações ambientalmente responsáveis.
Na visão de Gavronski et al (2003, p. 14), ao ser exigido que as empresas tenham capacitações ambientais desenvolvidas, esse passa a ser um tema bastante relevante para muitas organizações. As empresas que têm um sistema de gestão ambiental certificado pela norma ISO 14001 são líderes no processo de desenvolvimento de capacitações em operações ambientalmente sustentáveis.
A implementação da série ISO 14000 por parte das empresas se revela como importante fator competitivo tanto nacional quanto internacionalmente por ser regulamentadora das práticas ambientais. Mas, antes dela, outras normas foram criadas em países que já estavam buscando uma política ambiental sustentável, embora no Brasil estas práticas só começaram a aparecer com mais força no início da década de noventa, após a Rio92, sendo aceitável que a intensificação maior esteja ocorrendo somente nos últimos anos.
Antes de praticar estratégias voltadas ao meio ambiente as empresas precisarão realizar uma análise do ambiente. Esta apreciação é necessária no sentido de verificar qual a parcela do mercado que valoriza essa questão, de modo a avaliar a viabilidade prática dessa estratégia, pois a diferenciação somente será alcançada quando o consumidor perceber que há valor no que está sendo oferecido. Assim, para uma empresa que oferece ou deseja oferecer produtos ecologicamente corretos, a análise do ambiente deve observar os critérios de compra utilizados pelo seu público-alvo e o grau de consumo ecológico destes clientes ou potenciais clientes (BERTOLINI; POSSAMAI, 2005, p. 18).
A implantação de um sistema de gestão ambiental, conforme aponta Kraemer (2003), poderá se mostrar como solução para empresas que desejam melhorar a sua relação com o meio ambiente. Hoje, o comprometimento exigido das empresas que já estão buscando tal sistema obriga mudanças profundas na sua filosofia, com repercussão direta nas questões relativas a valores, estratégias, objetivos, produtos e programas por elas adotados.
As empresas não buscam uma melhor política de gestão ambiental porque há necessariamente por parte destas uma real preocupação com o planeta, porém, se isso representar menores resultados, menor competitividade e aceitação no mercado (interno e externo), se os seus consumidores deixarem de consumir seus produtos por reprovarem a sua forma de gestão ou a falta de certificações que lhes dê credibilidade, terão que se adequar a este tipo de exigência. Deste modo, o consumidor verde exerce um importante papel que está em contribuir para que nas organizações haja a necessidade de mudanças rumo a uma melhora em sua gestão ambiental.
As empresas que são mais inovadoras ficam atentas a todas as oportunidades e mudanças do mercado, o que significa também a geração de novas oportunidades de negócios e de lucros a partir da otimização e de outras modificações na produção, do melhor atendimento às exigências dos consumidores e da adequação às pressões do mercado. Assim, a crescente conscientização ecológica das pessoas que são mais preocupadas com o desempenho ambiental das empresas e consequentemente seus produtos, além da legislação ambiental cada vez mais restritiva ao que possa poluir o meio ambiente, as empresas são obrigadas a desenvolver tecnologias que passam a ser chamadas inovações ambientais ou eco inovações (DAROIT; NASCIMENTO, 2000, p. 2).
O ambientalismo empresarial revela, na visão de Layragues (2003, p. 5), como tática para a concretização da estratégia que, invariavelmente, empresas que não assumirem a pauta ambiental, cedo ou tarde serão excluídas do mercado. O verde passa a ser negócio, ou seja, ter uma gestão ambiental responsável deixa de ser um risco aos negócios para se tornar o critério de vantagem competitiva perante a concorrência. Empresas mais experiente, conforme acredita Kraemer (2003), notam resultados econômicos e resultados estratégicos do comprometimento da organização na causa ambiental. Não são resultados imediatistas e há necessidade de que sejam planejados e organizados todos os passos, de modo correto, para a internalização da variável ambiental na empresa, de modo que ela possa atingir o conceito de excelência ambiental, trazendo com isso vantagem competitiva.
Msc. RICARDO DELFINO GUIMARÃES
Docente do Centro de Ensino Superior do Vale do Parnaíba – CESVALE
Especialista em Direito e Gestão de Empresas _ UFSC
Mestre em Administração de Empresas- UNIVALI
Doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento – UFSC