ÉTICA NAS ORGANIZAÇÕES

Publicado por CESVALE em

Procedimentos idôneos praticados pelas corporações são temáticas que estão  em vogue dentre do contexto das corporações modernas comprometidas com situações sociais e ambientais e, sobretudo na conjuntura que elas estão inseridas. Pode ser por princípios da própria organização ou mesmo por pressão de uma sociedade ávida por procedimentos adequados.

A literatura traz vasta bibliografia sobre o tema, entre paper, resenhas, artigos e livros. Dentro dessa vasta literatura podemos destacar o texto de Elizete Passos, que relata sobre a “Ética nas Organizações”. O tema abordado pela autora narra as reflexões da ética questionando a sua redescoberta pela humanidade, que passa por uma crise de valores, identidade e senso comum. A autora destaca, nesse texto, que a questão da ética pode ter várias formas de compreensão, e que na falta da ética pode haver vários ângulos e facetas, desde a ausência de responsabilidade política por governantes, a justiça social aos que deveriam ter acesso à cidadania. Porém, a autora faz uma reflexão sobre essa situação, podendo afirmar que a maior solicitação do ser humano perante as normas e valores criados, é o fato de quererem ser tratados como pessoas vivas e pensantes. Contudo, crises de identidade sempre pairaram sobre o ser humano desde os primórdios dos tempos em que não se tinha uma noção de regras morais e éticas em uma sociedade. Este tema sempre apresentou discussões mais ou menos profundas dependendo da época e contexto abordados. Mesmo por ser dotado de consciência o ser humano tem conhecimento dos seus atos, sejam eles morais ou imorais, contudo a sociedade, segundo seus valores, põe limites para que tal moral seja exercida. A moral que voga hoje na sociedade, infelizmente, se basea na exploração do ser humano, valendo isso tanto para o habitat que ele se encontra como paras as organizações na qual está inserido. Essa última deveria ter uma responsabilidade maior devido à importância que ela apresenta hoje dentro do contexto social.

Nessa mesma linha de pensamento os autores do artigo, “Empresas Humanizadas: A Organização Necessária e Possível”, Sylvia C. Vergara e Paulo D. Branco compartilham da mesma idéia em que a exploração social e ambiental pelo homem está causando danos irreversíveis ao nosso planeta. Formas de exploração ambiental e falta de ética e moral perante a sociedade e as desigualdades sociais cada vez torna-se um abismo de maior distância entre os que têm acesso a qualquer tipo de cidadania e os que vivem a margem da sociedade.  Segundo dados da ONU/2000, diariamente nossa atmosfera recebe algo em torno de 2,7 mil toneladas de clorofluorcarbono e 15 milhões de toneladas de dióxido de carbono, aumentando o buraco na camada de ozônio e ainda a população mundial com cerca de 6 bilhões de pessoas contra 1,2 vivendo em condições de pobreza absoluta e enquanto a taxa de crescimento populacional e consumo crescem de forma desenfreada, o que não acontece com a distribuição de renda, pois enquanto 20% dos habitantes dos países mais ricos são responsáveis por 80% do total do consumo mundial, os 20% nos países pobres consomem somente 1,3% da produção mundial. O consumo irresponsável faz parecer que os recursos naturais são infinitos e assim a população usa de forma insustentável. Da forma como os recursos estão sendo utilizados acontecerá o esgotamento de muitos deles como, por exemplo, a água e o solo.

É dada para as empresas, como instituições fortes e sólidas, a responsabilidade de promover e resgatar um pouco da moral e da ética perante aos seus funcionários ou mesmo a sociedade que está inserida, neste caso as “empresas humanizadas”, que congregam com os funcionários não somente a maximização do lucro, mas também buscam o crescimento das pessoas tanto dentro como fora do ambiente da organização.

Os autores, Elizete Passos, Sylvia C. Vergara e Paulo D. Branco relatam passagens sombrias nos seus conteúdos, fazendo criticas, com muita autoridade, a respeito das organizações, ou melhor, do seu gerenciamento.  Na falta de respeito com o planeta, e relatam também dados chocantes sobre a ausência de critérios para a exploração ambiental e a barbaridade da sociedade dominante frente aos mais frágeis, mostrando países ricos explorando de forma insustentável países miseráveis, não se preocupando com a sustentabilidade desses, e o pior, quando dizimam todos os recursos disponíveis desses países passa a explorar outro e mais outro. Ate porque, Etkin no seu livro La Dimensión Ética de la Empresa”, relata que não existe possibilidade de crescimento sustentável em uma organização quando esta é dirigida sem ética e sem princípios sociais. O autor defende ainda, que os dirigentes organizacionais podem até seguir um estatuto disciplinar, porém se tomarem atitudes contrárias, como a maximização exorbitante dos lucros, colocando o ser humano em segundo plano, esquivando-se dos princípios éticos. Estas empresas passam uma mensagem negativa para a sociedade e ainda assim, não contribuem para o crescimento do indivíduo ou do grupo dentro da organização.

Verifica-se que os autores citados acima têm em comum a maneira na qual se deve tratar o ser humano e o ambiente em que ele está inserido. Seja numa organização ou no seu meio social. Fatores como a ética, responsabilidade social e ambiental e outras formas de respeito para com o próximo, trazendo uma reflexão do modo que deveremos e queremos o planeta para os próximos anos, para as futuras gerações, e principalmente que essas atitudes não dependerão somente de uma única pessoa, mas sim, que todos procedam com atitudes responsáveis e coerentes, assim existirá um mundo mais humano e com certeza mais agradável para viver.

Portanto, podemos finalizar e acreditar em uma nova era, uma nova sociedade consciente e solidária, em que as pessoas serão menos egoístas e mais responsáveis para com o mundo. Acreditamos também, que essas mesmas pessoas, sejam jurídicas ou físicas, que exploram de maneira irresponsável o planeta passarão a se importar com os outros e com o planeta. E ainda, acreditamos que elas possam usufruir o que lhes é oferecido usando e repassando, de forma sustentável, os recursos para que outras gerações desfrutem de um meio ambiente tolerável e uma sociedade mais compreensiva.

Referencias:

Ética nas Organizações. Elizete Passos
Empresa Humanizada: a organização necessária e possível. Syilvia C. Vergara e Paulo D. Branco

La Dimension Ética de La Empresa. Jorge Etkin
 
 Ricardo Delfino Guimarães
Especialista em Direito e Gestão de Empresas
Mestre em Administração de Empresas
Doutorando em engenharia e Gestão do Conhecimento

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