3º SETOR

Publicado por CESVALE em

O propósito deste artigo é relatar as definições, o funcionamento e os desafios das Organizações do Terceiro Setor (OTS). Possuindo espaço próprio, mas situando-se entre as organizações do Primeiro Setor (o Estado) e Segundo Setor (o Mercado), o Terceiro Setor (TS) pode ser definido, segundo Fischer (2002, p.45), “como espaço composto por organizações privadas, sem fins lucrativos, cuja atuação é dirigida a finalidades coletivas ou públicas”. Entre essas organizações destacam-se as não governamentais (ONGs), as fundações de direito privado, as entidades de assistência social e de benemerência, as entidades religiosas e as associações culturais e educacionais. Elas variam em tamanho, grau de formalização, volume de recursos, objetivo institucional e forma de atuação. De acordo com a autora, de modo geral, são criadas e mantidas pela ênfase na participação voluntária, dando continuidade às práticas tradicionais da caridade, da filantropia e do mecenato.

Entretanto, há no Terceiro Setor entre os autores Carvalho (2004), Crittenden e Crittenden (1997), Drucker (2001), Kotler (1994), Falconer (1999), Mendonça e Machado Filho (2004) Cabral (2004); Fischer (2002); Hudson (1999); Heckert (2001); Landim (1993, 2003); Tenório (2002); Teodósio (2001) e Thompson (1997) no que diz respeito a Gestão do Terceiro Setor, eles relatam em seus trabalhos que ela deva ser modelada a partir do perfil e das demandas específicas das OTS. Falconer (1999, p.110), revela que no Brasil, a deficiência no gerenciamento das OTS é um dos maiores problemas desse setor, e o aperfeiçoamento da gestão, mediante a aplicação de técnicas oriundas da Administração Empresarial, é um caminho necessário para atingir melhores resultados. “[…] Seja pela percepção de seus dirigentes ou por pressão externa de financiadores, a habilidade de gerir é vista como a competência mais desejável e menos presente nas Organizações do Terceiro Setor” (FALCONER, 1999, p.11).

Esses problemas obrigaram as OTS a aperfeiçoarem sua gestão administrativa e organizacional. A esse respeito, o centro de competência para empreendedores sociais Ashoka e Mckinsey (2001) afirma que está em curso uma série de mudanças relacionadas à qualidade dos serviços prestados por essas organizações que levará a melhores resultados a curto prazo e à otimização na utilização dos recursos financeiros. Essas mudanças têm estimulado o crescimento de iniciativas de profissionalização na gestão das OTS e podem ser caracterizadas como uma tendência para os próximos anos.

Roesch (2002) verificou algumas pesquisas que comprovaram haver uma transposição de técnicas da área privada para o Terceiro Setor via atuação de executivos. Nesse sentido, Carvalho (2004) analisou os estudos realizados por Fischmann (1987), Rozenberg et al. (2001), Pereira (1995), Silva (2000, 2001), Tachizawa (2002) e Quandt e Fernandes (2003), que entendem que a utilização da ferramenta do Planejamento Estratégico é o mecanismo de gestão mais apropriado para as OTS melhorarem os controles inerentes à organização, a captação de recursos financeiros e de pessoal e os resultados dos projetos sociais executados. Carvalho (2004) identificou nesses estudos diversos processos necessários à gestão das OTS:

a) ciclo de vida e modelo de gestão;

b) profissionalização do gestor do Terceiro Setor;

c) gestão de pessoas; d) gestão da estrutura organizacional;

e) gestão financeira;

f) gestão de parcerias e alianças;

g) gestão de marketing; e

h) gestão da estratégia.

Por esses estudos, pode-se perceber que as OTS são diferentes das organizações empresariais. Cabe destacar, entretanto, segundo Hudson (1999), que a assimilação de tecnologias gerenciais se processa por meio da interação cotidiana entre os diferentes atores organizacionais, que não operam sob uma racionalidade imutável e/ou homogênea, mas desenvolvem diferentes perspectivas, posicionamentos e ações sobre os novos modelos de gestão propostos.

Portanto, de acordo com os autores citados, se pode proferir que a Gestão Social não deve ser pautada somente por mecanismos de mercado que orientam a gestão estratégica sugerida pelas teorias tradicionais, mas por um processo de conhecimento que contemple, além da compreensão da ação social, a maneira como esse conhecimento é transmitido.

Msc. RICARDO DELFINO GUIMARÃES
Docente do Centro de Ensino Superior do Vale do Parnaíba – CESVALE
Especialista em Direito e Gestão de Empresas – UFSC
Mestre em Administração de Empresas- UNIVALI
Doutorando em Engenharia e Gestão do Conhecimento – UFSC

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